segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Independência para a Lusitânia! (e para a Bética, Tarraconense, Gália, Judeia e Capadócia)

É à conta de situações destas que muitas vezes me ponho a pensar se andarei a perder o pleno das minhas faculdades mentais ou se, e ao invés, estou rodeado de mongolóides. Penso que a segunda opção seja a mais consentânea com a realidade dos factos.

Ora, estava eu um dia destes a tomar café perto do meu domicílio profissional, quando decido acender um cigarro. Acto contínuo, enfio o maldito canudo na boca, acendo-o e levanto a cabeça de modo a expelir a baforada sem correr o risco de com esta atingir alguém. Qual não é o meu espanto quando sinto os meus olhos fixarem-se num grafitti, o qual dizia "Leukitanea Moe Treba Inti".
Obviamente que não percebi o que caralho aquilo queria dizer, mas percebi uma certa similitude com a Língua Basca (a qual obviamente não domino nem tenho pretensões a dominar). Imediatamente pensei "Foda-se, mas querem ver que a ETA já chegou aqui?"

Chegado ao escritório movido já pela curiosidade, abri o meu browser no google, digitando correspondentemente a enigmática frase supra. Fiquei a saber que aquele linguarejar queria dizer - e muito laconicamente - Lusitânia Livre!
E fiquei a sabê-lo, porque graças a Deus existe um site que tratou de saciar a minha curiosidade. Podem consultá-lo aqui.

Não quero ser mesquinho, mas o ridículo do conteúdo levou-me às lágrimas. De riso, entenda-se.

Os autores daquele folhetim propugnam pela independência da Lusitânia - considerada esta como uma das províncias romanas que compunha a histórica Hispania e a partir da qual se veio depois a fundar Portugal- e hoje em dia coincidente, na óptica destes tolinhos e mais coisa menos coisa, com a Beira Alta, Beira Interior, Beira Baixa e Beira Litoral.

Para tal, e muito sucintamente, alicerçam-se em argumentos tais como a existência de uma "identidade racial" substancialmente diferente do remanescente do nosso país, de uma identidade cultural também diferenciada que subsistiu até aos dias de hoje, uma língua e religião próprias, etc. Em suma, e por oposição ao Estado neo-latino Português, defendem a independência da zona celta da Lusitânia.

Se já gabava a veia criativa dos meninos, fiquei rendido quando consultei o "programa político" e a metodologia organizativa. Apresentam-se como um lobby - armado ou não ainda não percebi muito bem - que visa obter a independência da Lusitânia através de um processo gradual de autonomia iniciado com a regionalização. Opõem-se à prossecução destes objectivos através da violência... mas não a condenam se suceder.

Pelo meio, ainda encontram forças para apoiar "a Manifestação do movimento cívico "Parem o PNR", e apoiar a criação de uma Estrutura Civil Armada na Lusitânia para dar caça aos grupos neo-nazis e fascistas portugueses ligados ao submundo do crime organizado e financiado por organizações fascistas internacionais."

Um verdadeiro comando Terrorista das Beiras, portanto. O que eu sei é que na remota hipótese de estes bacanos conseguirem o almejado sucesso, reescrevendo a geopolítica ibérica e fazendo esta merda voltar 2200 anos atrás, exijo que se institua também a saudável moda dos bacanais à Romana.

Se estes senhores querem brincar aos terroristas, têm todo o meu apoio. Seria bom ver as mais altas instâncias governativas nacionais a tremer de medo perante a perspectiva de uma carro de bois explodir no Parque das Nações, de cocktails molotov feitos de garrafas de bagaço arrebentarem com a fachada do Palácio de São Bento, ou de o metro de Lisboa ficar entupido à conta de uma engenhosa largada de cabras. De frisar que nesta última, o vocábulo "cabras" surge como substantivo e não como adjectivo, portanto o leitor escusa de ir já a correr para as máquinas de venda de passes.

Acedito piamente que o ser humano tem o mais elementar direito de viver em felicidade. E é aqui que os nossos amigos separatistas surgem. Mérito (ou falta dele) à parte, espero que estes senhores ganhem honras de imprensa, e que os portugueses ganhem um novo sorriso na boca. Neste contexto de crise, bem que precisam disso...

Pelo meu lado, se me prometerem - por escrito é claro - que o Martírio me conferirá o direito inalienável de ascender aos Céus e passar a Eternidade com 70 virgens, sou já o primeiro a pegar nas morcelas que a minha mãe tinha guardadas para o jantar e a fazer com elas um cinto de explosivos.

Quanto a vós não sei, mas eu pelo sim pelo não vou já ali ao arrumo buscar um saco de batatas de 50 kg e fingir que são granadas.

Pura estupidez?

2 comentários:

  1. Cláusula 7- Tem de ser desqualificada qualquer pessoa que seja dependente da pornografia, do cinema, das drogas e de qualquer outra condição intoxicadora.

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  2. obrigado julio por me mostrares estas pérolas...já alegrou o meu dia!!!
    brilhante!!!
    todo este site é um poço fartote de rir, não ponta por onde se pegue!!!
    lolololol

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